Algumas Supostas Obrigações Morais De Um Grupo De Oposição

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Algumas Supostas Obrigações Morais De Um Grupo De Oposição.

Algumas Fotos e Imagens Marcantes de Lênin e da Revolução Russa

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Você pode estar pouco se fodendo para a Revolução Russa, mas deve admitir que essas fotos e imagens marcam uma época muito importante da história humana. Veja cada detalhe, cada coisinha retratada. Nada estava lá em vão. Esta é a revolução!

Lênin em Discurso

Civis em Posição

Mais uma de Lênin

O Domingo Sangrento

Aqui um típico cartaz da revolução

Isso seria Lênin varrendo a burguesia e a monarquia da Rússia

Após a Vitória

Em Discurso Público

Uma De Suas Imagens Mais Conhecidas

 

 

 

 

 

 

 

Demissão Em Massa Na Caros Amigos

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A direção da Caros Amigos anunciou ontem a demissão em massa dos funcionários em greve, tendo como motivo a “quebra de confiança”. A greve foi utilizada como última resistência à precarização do trabalho dentro da redação da revista, que contava com 11 trabalhadores.

A Greve

A greve começou como resposta e resistência às medidas da diretoria da revista para solucionar seus problemas financeiros e fiscais, medidas essas que programavam uma redução de 50% na folha de pagamento da revista e a demissão de metade dos funcionários, tudo “devido ao pagamento de dívidas fiscais acumuladas desde o ano 2000 e ao déficit operacional entre receitas da editora e custos fixos, incluindo os nossos (baixos) salários”.

O trabalho que era feito por 11 funcionários seria feito por 5 ou 6, sem redução do trabalho total da revista, ou seja, com aumento de trabalho para cada colaborador e sem aumento de salário. O Diretor-Geral da revista também afirmou que começaria a utilizar serviços free-lancers para complementar o que faltaria pelo défict de funcionários.

A contração de Freela’s seria uma maneira de continuar com a estratégia de “ausência de registro na carteira profissional, o não recolhimento das contribuições do FGTS e do INSS “, como relata a própria equipe da redação.

Toda a equipe da redação mantinha relações com a administração da revista, “Desde 2009, que foi quando essa equipe que há na redação hoje começou a ser montada, a gente tem se organizado para conversar com o diretor-geral da revista para ir gradativamente melhorando as nossas condições de trabalho” – mas este contato constante não adiantou de nada, foi necessário algo mais drástico.

Contradição da revista

Agora, o que mais me surpreende é que a revista respeitada pela esquerda, com ótimos artigos críticos e que não se pautava no mercado para escrever, para traçar sua linha editorial, de repente, mesmo em situação de crise, utilize uma arma do patronato. A demissão em massa feita pela direção prova que patrão é patrão, não importa onde.

Há diversas maneiras de reerguer uma revista, “como a publicização da crise financeira e a criação de uma campanha para ajudar a revista poderiam ser tomadas para que não fossem necessárias as demissões dos profissionais”. Entretanto, demissão em massa só adianta a falência da revista.

Crimes de Gênero Atuais

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Como bem lembrou Maíra, do site Território de Maíra, é necessário lembrar que a relação dos crimes contra mulheres dos últimos anos está na relação de dominação entre gêneros. Não são crimes comuns, aleatórios, cotidianos (não levem a mal), mas são, isso sim, crimes que tem como condição de possibilidade uma sociedade machista.

São crimes que acontecem não por que os indivíduos que o cometeram são “maus”, mas sim, por que a sociedade em que vivemos forma sujeito como estes. Que o machismo é estruturante, que ele não é fruto individual de uma ação errada, mas de fruto coletivo de uma reprodução de estruturas de dominação em diversas esferas da vida. Tratar esses crimes como espetáculo é esquecer que eles não são roubos de galinha, mas são, por sua vez, uma sociedade machista se expressando como tal.

Eliza Samúdio, Mercia Nakashima, as mulheres na índia, no oriente médio, nos grupos cristãos fervorosos, todas elas são vítimas de um sistema que não dá chance para oposição.

Comprar Livros – Sim ou Não?

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Hoje eu fui comprar livros. Comprei 4 livros. Essa semana eu baixei uma porrada de livros – na minha vida, com certeza eu baixei mais livros e filmes do que comprei.

Esta matéria do Opera Mundi, que é bem curtinha, fala sobre uma editora francesa que publica poucos livros por ano e se mantém viva com seus próprios recursos. Não pede empréstimos bancários, não se endivida, mas não passa de doze publicações anuais – entre elas Alain Badiou e Slavoj Zizek – que cobrem temas subversivos.

Eric Hazan, fundador da La Fabrique

De acordo com Eric Hazan, o fundador da La Fabrique, seus livros “publicam a ordem existente”. São livros que não são publicados com uma estratégia de marketing para atrair um “público-alvo”. Digamos que não há um “público-alvo” no sentido mercadológico da coisa para livros subversivos, afinal, gente subversiva não costuma nascer igual chuchu na cerca, tê-los como um público fiel seria o mesmo que não ter um público. Exatamente por isso as publicações são escassas.

Preço Dos Livros

Eu ganhei alguns vale-presentes de uma livraria, fui até lá e gastei cada tostão deste vales e o que percebi é que cada livro custa em média 40 reais ~ 50 reais. Não é pouca coisa… Na verdade, é muita coisa, entretanto, é o preço médio dos livros, sejam quais forem. A pergunta que ecoa é: como financiar uma editora que tenha um tema bacana se seus livros são caríssimos? Claro que a culpa não é da editora, há custos para produção de cada livro e há custos administrativos, como aluguel do escritório e salário de funcionários não-produtivos. No fim, o preço é realmente nesta faixa.

A opção menos elegante é baixar os livros. As editoras não ganham nada e podem, sem dúvida, falir. Isso significa que aquela editora que publica os livros que gostamos poderá falir por que nós não compramos os livros que gostamos diretamente das livrarias que compram diretamente dela ou por que nós não compramos diretamente da editora.

Não compre! – Manda o Mercado

No fim, o que se percebe é que há um custo fixo que, a priori, torna a compra dos livros inviável e que tem como desdobramento a falência dessas editoras e, por consequência, o fim de editoras que publiquem livros subversivos. A cultura impressa se revela como apossada pelo mercado – o mercado editorial. Qual é a finalidade do mercado: o intercâmbio com base na demanda construída socialmente. O que vender mais será mais produzido e aquilo que não vende não tem chance de reprodução.

Numa sociedade consumista e individualista, pautada numa naturalidade do sistema capitalista, qual será a demanda do mercado? Livros de Bakunin? Creio que não.

Oposição Comunista x Capitalista

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Em conversas cotidianas, conversas com populares, estudantes, trabalhadores especializados ou não, é comum notar, quando se toca no assunto, é claro, que a oposição comunista x capitalista norteia o significado destes dois termos, de maneira que um é aquilo que o diferencia do outro. Como se fossem análogos, mas com sentido inverso. Isso se reflete em comentários como “Se é comunista, por que trabalha?”, “Por que tem casa própria?” e etc. Mas o que eu queria argumentar é justamente que esta oposição não existe.

O Típico Garoto Pera-Com-Leite Que Manda As Gafes Do Primeiro Parágrafo

Categorias De Análise

Se pararmos para pensar, perceberemos que a oposição em que uma sociedade de classes se constrói, pautada no sistema econômico, é entre proletário x capitalista. Sendo este o detentor dos meios de produção e aquele o possuidor somente de sua força de trabalho que, portanto, precisa vender para conseguir sobreviver numa sociedade capitalista. Proletário e capitalista são duas posições possíveis na estrutura econômica capitalista atual – Mas comunista não é; comunista é uma posição possível em uma estrutura política, quero dizer, ser comunista é relacionado à ação política, à ações que manifestamente corroboram com um ideal de sociedade comunista.

Dentro da estrutura política é mais razoável colocar a oposição entre direita x esquerda, estando na esquerda o comunista, anarquismo e etc, e na direita o liberalismo, conservadorismo, social-democracia e etc.

Desta forma, se tentarmos junta tudo em uma análise político-econômica, chegaríamos num sistema de posições possíveis onde Engels seria classificado como capitalista (já que era detentor dos meios de produção) e comunista (por sua vida política). Não é gafe definir Engels como comunista, assim como, se obedecermos o rigor da classificação, também não será gafe coloca-lo na trupe dos capitalistas.

As Possibilidades Da Estrutura

Ao dizer que Engels foi uma capitalista comunista, eu também posso dizer que não é possível ser uma proletário capitalista, por que estas duas posições dependem uma da outra para existir – formam um sistema onde se definem exteriormente, pela diferença com os demais. Dentro do sistema econômico, as classificações lá contidas são excludentes, não se confundem, mas podem mesclar-se com as classificações de outros sistemas, como do político.

O Comunista Capitalista

O que restringe, na verdade, diminui a probabilidade de se encontrar mais capitalistas comunistas é a complexidade da vida social – ela não é fria e racionalizada, não é um grande cálculo – há outras coisas em jogo, há todo um capital simbólico que flui e se acumula em torno de ações de cunho moral, por exemplo. A honra, a hipocrisia, a dignidade, o trabalho (enquanto valor) são forma de acumular ou denegrir capital simbólico. O que não leva um comunista a ter planos futuros de ser o diretor de uma indústria de carvão é a contradição que isso expressa simbolicamente – é o fato de que a responsabilidade do diretor de empresa é reproduzir e segurar um sistema de desigualdade. Ele (o diretor) é uma das autoridade neste aspecto.

Entretanto, não se deve ficar iludido, pois se se está dentro de uma sociedade capitalista, não há como fugir da sua lógica auto-reprodutora. Por isso que somente uma revolução poderosa pode inverter as relações sociais, por que, no cotidiano, elas se reafirmam continuamente.

Morre Hugo Chávez – Que Será Da Venezuela?

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Uma Perda De Referencial

Morre hoje o então presidente da Venezuela Hugo Chávez – uma morte surpresa, afinal, após o tratamento de seu câncer no pélvis, tudo parecia resolvido, inclusive com declaração do próprio Chávez após a quimioterapia.

Com 58 anos de idade, ele foi, conforme fala de Zizek: “Todos amam as favelas e os marginalizados, mas poucos querem vê-los mobilizados politicamente. Hugo Chávez entendia isso, agiu nesse sentido desde o começo e, por este motivo, deve ser lembrado”. Isso significa que Chávez viu nos marginalizados o novo “proletariado”, ou seja, a nova classe revolucionária, o novo sujeito histórico, os novos despossuídos não são mais os operários da indústria, mas sim os favelados e marginalizados.

Comentários Gerais

Conforme não era novidade, afinal de contas, isso nunca é novidade, o Jornal Nacional chamou um de seus intelectuais de plantão para comentar a morte de Chávez e o futuro da Venezuela. Demétrio Magnoli foi bem direto e claro ao dizer que “A Venezuela não chega a ser uma ditadura, mas não é uma democracia”.

Eu estava sendo irônico, é claro. Bom, uma ditadura não tem eleições diretas, certo? Então não é uma ditadura. Eu creio que é difícil falar em democracia, pois a democracia é algo intrincado com preceitos do liberalismo. Dizer que a Venezuela não é uma democracia é dizer que ela não é uma democracia nos moldes liberais. Isso, realmente ela não é.

Lobão foi um arauto da felicidade anarco-capitalista adolescente: “Chávez está morto.” Provavelmente seguido de um pulo de felicidade e gritos de satisfação. Suas rezas estão começando a funcionar.

O Destino Escapa

Ele foi eleito e re-eleito por 4 vezes, conseguiu mudar a constituição com apoio popular e se safou de um golpe de Estado, em 2002 – Não dá pra saber se lá havia a figura do líder de massas ou o representante de um grupo cônscio de seu papel político e com apoio manifesto a um projeto socialista. O futuro da Venezuela é imprevisível.

A única coisa que podemos esperar, por enquanto, é que seus eleitores tenham sido agentes políticos, com motivações claras e projetos claros e que, por isso, sejam reais apoiadores e sonhadores de uma sociedade que supere o capitalismo.

Presidente Pastor Na Comissão De Direito Humanos?

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Marco Feliciano

A possibilidade de haver um pastor evangélico – Marco Feliciano – na presidência da Comissão De Direitos Humanos assusta. Não se trata de perseguição religiosa: o negócio é factual; qualquer forma de luta LGBT é taxada como luta por privilégios de uma parcela minoritária da população. Como uma parcela minoritária pode exigir privilégios? – Pensa o pastor.

Democracia ou Ditadura da Maioria

Me parece que, para o pastor, democracia é sinônimo de ditadura da maioria. Como se democracia fosse uma enquete onde a opção mais votada ganhasse em detrimento de todas as outras. Como se, caso feito um plebiscito sobre homossexualidade e caso o resultado fosse algo “inesperado”, a rebaixando como algo horrível que deve ser evitado, o Estado tivesse a obrigação legitimada pelas massas de fazer de qualquer forma de afeto entre mesmo sexo um ato contra a lei.

A lei se tornaria a moral e os bons costumes. Por que, vejamos, quando uma população de pensamento coletivo formado precisa votar a respeito da dominação da parte de um grupo hegemônico, é óbvio que a votação acabaria, na maioria das vezes e quanto mais extremo mais certo seria, numa conclusão conservadora.

Uma Maioria Definindo Sua Vida

A dominação se coloca de forma que não consegue ser vista como dominação de maneira fácil. Ela se disfarça; se fantasia como algo que deve ser assim por que os princípios mais racionais vigentes assim determinam. O povo é estruturado com esses princípios, como achar que uma votação indicaria o contrário?

Se a vontade é de fazer uma democracia de verdade, então é necessário atender à todas as demandas de forma que não prejudique nenhum grupo envolvido.

Ofensa Moral

Mas chegamos num ponto irreconciliável. Para a posição clássica cristã conservadora, exibições de afeto por casais homossexuais já é uma ofensa, afinal, todos precisam ter moralidade e moralidade é “você entrar com seu filho dentro do shopping center ou em qualquer lugar e não ver dois homens de barba se agarrando na sua frente”.

Moralidade é “respeito à família, é o respeito que eu aprendi com meus pais”. Mas qual é validade dessa frase? O que valida aquilo que qualquer um aprendeu com nossos pais? Eu aposto que os senhores de escravos aprenderam com seus pais que o modelo capitalista-escravocata era um ótimo modelo de modo de produção.

Tudo isso é embasado em um imperativo moral arbitrário e globalizante. Que não se contenta em ser aplicado num sujeito, mas que faz o sujeito ter que reproduzi-lo por meio da força (principalmente por violência simbólica). Digo, é aquela coisa, você pode ser um idiota (e o fato de haver a possibilidade legítima de ser idiota não retira a idiotice da coisa), mas, caso vá se pautar em conjunturas democráticas, terá que, necessariamente, não obedecer algumas regras de sua crença.

O Senhor Das Moscas – Autoridade Sem Reconhecimento Não É Nada

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O Senhor das Moscas é um filme que trata da formação de uma “sociedade” por um grupo de crianças em uma ilha não-habitada. Na formação desta nova sociedade organizada pelas crianças, a primeiro momento, permanece um modo democrático de “governar” a sociedade, pelo líder escolhido (Ralph). Entretanto, e é o que me interessa, num dado momento há a separação desta sociedade em duas – uma nova criada por um dos opositores do líder (Jack).

Jack se rebela contra as regras da proto-sociedade democrática formada no filme, se rebela contra Ralph e forma uma nova sociedade com os membros que não se sentiam representados/seguros sob os comandos democráticos de Ralph.

Poder Como Relação

O que eu acho fascinante aqui é a forma como evidencia que a autoridade/poder não é algo imanente a uma coisa, mas é, por sua vez, uma relação, ou um conjunto de correlações num dado momento histórico-social. Podemos ter representantes da autoridade/poder, como os líderes, mas, caso não reconhecidos como tal, igual no Senhor Das Moscas, sua atribuição não vale de nada.

O líder só é líder quando reconhecido como tal, pois, quando não é, suas ordens não são aplicadas – a não ser que tenha um aparelho repressivo a sua disposição, então, desta forma, se colocaria uma ação dentro das correlações de poder, já que, ao não receber o reconhecimento dos liderados, o líder precisa utilizar da violência (seja ela qual for) para ser obedecido. Em nossa sociedade, a detenção da propriedade privada é um dado que estabelece a tendência das relações de poder, que faz das estratégias de poder pautadas na propriedade mais eficientes que outras, pautadas na camaradagem, por exemplo.

Foucault – Pensador da Teoria do Poder

Ruptura

Quando o líder não tem escapatória, quando percebe que não está em posição favorável nas malhas do poder, sua atitude tende a ser ou esquizofrênica, ou consentida com sua nova posição.

Aquilo que permite que a posição do líder seja uma posição de poder é ele ter o aval de seus “inferiores”. Este aval geral estrutura aquilo que Durkheim chamava de consciência comum, que não é um ser ontológico, mas sim a força coercitiva do reconhecimento mútuo do poder do líder (neste caso) pelos indivíduos que se submetem a ele. É a construção de uma lógica onde o próprio oprimido transmite para seus iguais a subserviência, pois ele próprio exerce o poder (mesmo sendo, este poder, localizado de forma a não favorecê-lo) sobre eles.

 

Ideologia Mediando A Hierarquia

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Um plano linear de carreira que nos faz esquecer que cada legenda representa uma posição na estrutura de trabalho e não você, indivíduo trabalhador. Portanto, a posição fica, mesmo após você deixá-la.

Há uma coisa que eu via muito com meus antigos companheiros da faculdade – eu fazia um curso voltado totalmente para a indústria e a indústria é, obviamente, marcada por hierarquias muito bem formalizadas e claras – eles sempre reclamavam da posição que ocupavam na hierarquia (todos eramos trabalhadores das primeiras linhas da hierarquia, assistentes administrativos, trabalhadores de linha de produção, manutenção, assistentes de laboratório e etc).

Reclamar da posição que se ocupa é um direito muito legítimo. Realmente, não há nada pior do que realizar trabalho robotizado ou burocrático incessantemente e, ainda por cima, ser subjugado e dominado por um chefe que, no fim das contas, não tem esse direito por natureza, como parece ser. Mas o que me deixava receoso era o final da reclamação: no fim, sempre havia a esperança, a utopia, o plano futuro da situação ideal de trabalho; este plano era tornar-se um chefe.

Manutenção da Hierarquia

Uma das funções da ideologia é inculcar estruturas hierárquicas de forma que pareçam naturais, imutáveis. Essas estruturas retiram o conteúdo humano da relação de trabalho e faz se tornar uma relação de trabalho mediada por uma coisa, por uma imagem, ou seja, por uma estrutura opressora imutável.

É tudo questão de escolha?

Desta forma, o antagonismo é disfarçado, fantasiado, e as relações de dominação e exploração são substituídas por relações morais – são substituídas pelos deveres do empregado e do empregador, e são mediadas por uma estrutura de dominação naturalizada, conforme o parágrafo anterior. A ética no trabalho é, muitas vezes, uma tentativa de docilizar o trabalhador, colocando contra ele uma série de armas que ele próprio poderia utilizar, sejam elas consideradas leais ou não, como as informações industriais secretas de uma empresa, além de homogeneizar o corpo de trabalhadores, impondo maneiras de se vestir, de se portar e de se apresentar.

São essas estruturas inconscientes (para usar um termo da sociologia pós-estruturalista) que mediam as relações entre os indivíduos (como a hierarquia do trabalho), que não são pensadas nem discutidas, mas, em última instância, são formadoras da realidade, que Guy Debord chamaria de espetáculo. Esta ideologia que está na espreita de qualquer relação e que não consegue ser conceituada, só designada, que só suscita imagem, mas nunca significado, é esta terrível dominação que não dá chance de defesa que podemos chamar de espetáculo.

Espetáculo É Cotidiano

Guy Debord

Eu creio que isso não precisa ser aplicado só ao trabalho, mas a qualquer grupo. Em um grupo social qualquer, por exemplo, vemos que há regras implícitas no seu funcionamento. Essas regras delineiam um possível líder (declarado ou não). Quando um indivíduo do grupo não consegue incorporar as regras e recebe inúmeras sanções (como abuso moral feito pelo líder), ele passa a racionalizar essas regras, a reproduzi-las conscientemente, mas sem consciência de que se trata de uma reprodução. O que isso significa? Que o indivíduo vê as regras, como num livro, mas elas não foram inculcadas.

Este mesmo indivíduo acaba, por sua vez, reproduzindo as regras que o oprimem e, portanto, oprimindo, também, os outros indivíduos. É óbvio que não se deve colocar toda a carga de culpa naqueles que reproduzem as regras do grupo, afinal, obedecê-las faz parte de estar no grupo. Mas quando o oprimido não percebe sua opressão como tal, aí deve-se tomar cuidado.

É isso que acontece com o não-adaptado que precisa seguir às regras como se estivesse fora de sua posição. É quase como uma evasão: ele se afasta de si e se olha por fora, externamente, depois, quando volta a si, faz uma imitação de si. Não é ele mesmo, mas a tentativa de ser aquilo que as atribuições do grupo o obrigam tomar.